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Para o delegado Christian Cabral, proposta do presidente Jair Bolsonaro tem caráter populista
O delegado Christian Cabral, que fez duras crÃticas ao projeto do presidente Jair Bolsonaro
delegado Christian Cabral, titular da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (Deletran), classificou como “retrocesso” e “absurdas” as propostas de alteração no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), apresentadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Nesta semana, o presidente enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que, entre outros pontos, estende a validade da carteira de motorista dos atuais cinco para 10 anos. O texto também eleva de 20 para 40 o número de pontos para que o condutor tenha a CNH suspensa.
“Vejo esse projeto com um enorme grau de frustração, insatisfação, decepção e perplexidade. Trata-se de um retrocesso. No texto, você não consegue encontrar uma única vírgula que apresente um viés de preocupação com a segurança viária e com a diminuição e combate à violência no trânsito”, disse Cabral, em entrevista ao MidiaNews.
Na avaliação do delegado, ao apresentar tais alterações, o presidente Jair Bolsonaro as fez com cunho “exclusivamente populista”.
Segundo Cabral, não há qualquer embasamento técnico ou científico que justifique as medidas que estão sendo propostas.
O que, para ele, causa enorme preocupação já que o Brasil está entre os cinco primeiros países recordistas em violência no trânsito.
“Medidas como essas acabam, indiretamente, estimulando o comportamento irresponsável e às margens da lei por parte dos condutores. Incentiva a prática de condutas que tem um alto grau de periculosidade. Realmente, é muito frustrante”.
“Fala irresponsável”
Em passagem por Mato Grosso, nesta semana, Bolsonaro chegou a comentar algumas das alterações propostas e disse que, se dependesse de sua vontade, o limite de pontos na CNH passaria para 60 e não somente 40, tal como prevê o projeto.
Para o delegado Christian Cabral, isso é algo extremamente irresponsável. “Repito: ele não tem nenhuma preocupação com a segurança viária. Essa fala é irresponsável. É uma frase exclusivamente de cunho populista, de quem quer jogar confete para plateia”.
Ainda segundo o titular da Deletran, embora a legislação atual preveja a perda da CNH com 20 pontos, isso é algo que dificilmente ocorre, muito por conta da precarização das unidades de Departamento de Trânsito em todo o País.
“A gente sabe que até hoje a questão dos 20 pontos não é uma realidade. Raríssimos são os casos de condutores que efetivamente tiveram seu direito de dirigir suspenso após completar esse score”, disse.
“Isso ainda é uma fantasia. Da mesma forma que é uma fantasia essa proibição de dirigir sob efeito de álcool. Até hoje, as pessoas não vivem isso. Aí, quando ele aumenta para 40, na verdade está mandando um recado para a população de que podem continuar praticando infração de trânsito”, acrescentou.
“Preço de uma vida”
Outra medida considerada altamente equivocada pelo delegado Christian Cabral é a que trata do uso de cadeirinhas de retenção para crianças.
Pelo texto do presidente, passa a inexistir multa para quem for flagrado transportando crianças em carros sem o item de segurança.
“Mais um absurdo. A criança – diferente do adulto – não tem domínio do movimento do corpo. Uma simples manobra brusca, uma frenagem repentina, faz com que a criança seja lançada contra a estrutura do veículo e, eventualmente, para fora dele”, disse.
“Aí, fica a questão: Sabemos o custo de transportar criança em desacordo com a lei, qué é R$ 293. Agora, quanto custa a vida de uma criança lançada para fora ou que tenha a saúde ou integridade física comprometida? Que preço nós vamos dar a isso?”, questionou.
Desconhecimento de Bolsonaro
O titular da Deletran reitera que tais decisões mostram que o projeto não teve qualquer respaldo técnico ou consulta a especialistas na área ou operadores do código de trânsito.
“Sou eleitor do presidente, acredito na boa intenção dele, torço por ele. Mas, infelizmente, ele tem o mal hábito de se se manifestar e emitir juízo de valor sobre assuntos que desconhece por completo”, afirmou Cabral.
“Nesse caso, do Código de Trânsito, parece que sequer ele ouviu o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Porque nenhum brasileiro acredita que o Moro seja capaz de avalizar um absurdo desses. Parece que são coisas que o presidente tira da cartola para agradar a população”, completou.
Fonte: CAMILA RIBEIRO DA REDAÇÃO
Escrito por: Alair Ribeiro/MidiaNews
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