29 de março de 2024

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Xingu fechado por 60 dias de quarentena voluntária; ninguém entra ou sai da área

Foto por: RDNews

Parque Nacional do Xingu também está em quarentena. RDN apurou que a decisão foi tomada pelos indígenas, de forma voluntária, para impedir que o novo coronavírus (Covid 19) chegue às aldeias.

Por causa da quarentena, ninguém entra e ninguém sai do território demarcado. As aulas nas escolas indígenas estão suspensas. As mulheres artesãs, que estavam com viagem marcada para São Paulo com objetivo de divulgar seus produtos, também suspenderam a atividade.

A quarentena voluntária foi definida depois que as principais associações indígenas e indigenistas que atuam em Mato Grosso anunciaram, na última quarta (18), que suspenderam por 60 dias as atividades externas nas aldeias por causa da pandemia do coronavírus. O comunicado diz que a preocupação das lideranças é em relação à vulnerabilidade imunológica dos povos indígenas e à falta de estrutura de equipamentos de saúde para atender casos suspeitos da doença nas comunidades.

No entanto, antes da suspensão das atividades, todas as aldeias receberam orientações sobre o coronavírus. A Associação Terra Indígena do Xingu (Atix) desenvolveu uma cartilha com orientações de prevenção e já tinha planejado a quarentena voluntária.

Em Mato Grosso há uma população de 42 mil indígenas, conforme o último levantamento do IBGE, em 2010. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), esses povos tradicionais são de 40 etnias.

Só no Parque Nacional do Xingu, no nordeste do estado, vivem cerca de 7 mil indígenas, distribuídos em mais de 100 aldeias e 16 etnias:. São elas: Aweti, Ikpeng, Kaiabi, Kalapalo, Kamaiurá, KÄ©sêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinaku, Nahukuá, Naruvotu, Wauja, Tapayuna, Trumai, Yudja, Yawalapiti.

No Estado, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, trabalha com os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei´s) Araguaia, Cuiabá, Kaiapó (MT), Xavante e Xingu.

Na terça (17), a Sesai divulgou em seu site o Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus (Covid-19) em Povos Indígenas. No documento, a secretaria faz um histórico clínico e sanitário dos povos indígenas e lembra da vulnerabilidade deles frente a contágios. Mas muitas organizações indígenas não tiveram acesso ao documento, que está disponível no site da instituição. No entanto, a maior parte das aldeias não tem internet.

O plano da Sesai foi divulgado após o Ministério Público Federal (MPF) instaurar um procedimento para apurar as medidas que o governo federal está implementando junto aos povos indígenas e comunidades tradicionais, que incluem também os ribeirinhos e quilombolas.

O MPF notificou a Sesai, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Palmares e outros órgãos públicos ao saber que organizações indígenas do país estavam tomando, por conta própria, as providências para impedir a disseminação da doença nas aldeias.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Operação Amazônia Nativa (Opan) também anunciaram que suspenderam todas as atividades externas nas aldeias do Mato Gross para evitar o contato direto com os indígenas.

Depois da intervenção do MPF, o presidente Funai, Marcelo Xavier, divulgou nos canais oficiais do órgão, um vídeo no qual orienta os indígenas com sintomas suspeitos de Coronavírus a se comunicarem com as unidades regionais e locais da Funai. A mensagem de Xavier, porém, não veio acompanhada de orientações internas e esclarecimentos de como seria tal apoio, colocando servidores e indígenas em possível risco de contaminação

Com isso, a INA – Indigenistas Associados, associação de servidores da Funai, emitiu Nota Pública, sugerindo e solicitando às autoridades a adoção urgente de medidas necessárias para o enfrentamento à Covid-19 em terras indígenas, bem como medidas de proteção para evitar a contaminação entre servidores e indígenas.

Diante das insuficientes medidas, orientações e ações específicas da Funai para a crise, a Nota Pública dos servidores pede que sejam adotadas as seguintes medidas: a suspensão do atendimento externo pela força de trabalho da Funai, que inclui os servidores, colaboradores, terceirizados e estagiários, com adoção do trabalho remoto, para evitar o contágio dos indígenas; a definição das tarefas essenciais de atendimentos aos indígenas pelos servidores; e a coordenação com a Sesai para as atividades de apoio a eventuais infectados.

Além de repassar instruções dispersas por meio de redes sociais, a atuação da Funai até o momento tem se resumido a replicar as diretrizes da Sesai e a repassar instruções dispersas e genéricas, como por exemplo, a restrição de acesso às terras indígenas ou os cuidados de higiene nas comunidades

Fonte: RDNews

Escrito por: RDNews

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