Empresários, produtores rurais, transportadores e políticos de 15 municípios das regiões norte e médio-norte de Mato Grosso promoveram na tarde desta quinta-feira (7) por uma hora trechos da BR-163 em Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum. Em Sorriso, cerca de mil cruzes foram colocadas à beira da estrada, simbolizando a quantidade de acidentes e mortes que ocorrem na rodovia a cada ano. O bloqueio da BR em Sorriso começou às 13 horas. Em Lucas do Rio Verde, foi por volta das 11 horas. Em Nova Mutum os manifestantes iniciaram o protesto ao meio-dia na MT-235, no trevo de acesso à Santa Rita do Trivelato. Sinop não aderiu ao movimento. O presidente da associação comercial local, Rodolpho Mello, justifica que não concorda com o manifesto.
O protesto teve como objetivo pressionar o governo federal a recuperar e duplicar a rodovia. O trânsito pesado e as péssimas condições de tráfego ferem e matam em grandes proporções. Segundo dados da Associação Comercial e Industrial de Sorriso (Aces), em 2012 foram registrados na BR-163 um total de 1.247 acidentes, com 300 mortes e 550 feridos graves.
Somente no trecho da BR-163 a partir do Posto Gil até os limites com o Pará concentram-se 50% da produção de grãos de Mato Grosso. A intenção do governo federal é privatizar a rodovia no trecho de 821 quilômetros entre Sinop e a divisa Mato Grosso do Sul. A concessão de 25 anos para a iniciativa privada, com cobrança de pedágio, pode acontecer ainda em 2013.
O prefeito Dilceu Rossato decretou ponto facultativo em Sorriso e prestigiou o protesto. Ele destaca que os municípios do norte de Mato Grosso vivem do agronegócio, mas enfrenta vários problemas devido à falta de infraestrutura. “Enfrentamos várias barreiras que causam prejuízos graves à nossa economia. Nós temos que resolver isso. E as saídas são a duplicação da rodovia, do acesso aos portos do Pará e investimentos em ferrovia e hidrovia”, aponta.
Rossato lembra que cerca de 40% da produção brasileira se perde nas estradas cheia de buracos. “O nosso milho chega ao porto de Paranaguá custando R$ 27, sendo que R$ 20 se refere ao custo do frete, restando apenas R$ 7 como lucro para o produtor. A mesma coisa acontece com a soja”, informa o prefeito de Sorriso.
A presidente da Aces, Neiva Dalla Valle, diz que o objetivo não foi prejudicar os transportadores, mas ajudá-los a ter uma rodovia melhor para todos. “Nossa meta foi chamar a atenção do governo federal para a precariedade da rodovia. Apenas cobramos uma solução definitiva. Não aceitamos mais os tapa-buracos”, destaca.
Segundo ela, o Governo Federal precisa abrir os olhos e perceber que o Nortão de Mato Grosso é fundamental para a formação do Produto Interno Bruto (PIB). “Queremos retorno para toda produção que sai da nossa região. Não vamos mais passar pelo vexame de ter a pior rodovia do Brasil”, ressalta Dalla Valle.
Toninho Dalsóquio, que integra a diretoria da Aces, afirma que a Parada pela Vida plantou é a sementinha plantada. “E está nascendo. Agora depende de Brasília, onde está a caneta e o cofre. Nós temos que brigar e pressionar. É um alerta para as autoridades federais sobre a necessidade de ampliar os investimentos na BR-163, principal rodovia federal que corta o estado de Mato Grosso”.